22/03/2011 - 21h32
China rejeita crítica a câmbio e diz que Brasil deve ser mais competitivo
Reportagem de CLAUDIA ANTUNES, do RIO
O embaixador chinês no Brasil, Qiu Xiaoqi, disse nesta terça-feira que a visita "histórica" da presidente Dilma Rousseff a Pequim, em abril, fortalecerá a "relação estratégica" bilateral, mas que cabe aos brasileiros resolver o problema da pauta de exportações para seu país, dominada por matérias-primas.
"Vocês têm que fazer seus próprios esforços para a competitividade da indústria e da economia. Se o Brasil não vender esses produtos [minério, petróleo, bens agrícolas], o que vai exportar para manter esse nível de crescimento [do intercâmbio]?", disse, referindo-se ao superavit de US$ 5 bilhões do lado brasileiro, em 2010.
Qiu repetiu que a China é uma "economia de mercado, aberta". Citou vários exemplos da importância de seu país para a reativação da economia global, depois da crise iniciada em 2008 nos mercados financeiros dos EUA.
Afirmou que também não está satisfeito com a estrutura do comércio bilateral. Falou em "esforço conjunto" para melhorá-la e que a China "dá boas vindas aos produtos do Brasil com maior valor agregado".
Mas deu uma estocada na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) pela crítica ao câmbio chinês desvalorizado, que originaria concorrência desleal com a indústria nacional. "A Fiesp não representa a opinião de toda a sociedade do Brasil. Muitos setores, amigos e altas autoridades sabem que a parceria beneficia os dois lados."
O embaixador fez palestra promovida pela Coppe (programa de pesquisa e pós-graduação em engenharia) e pelo Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que têm convênios com universidades chinesas. Falou em "portunhol" e, depois, respondeu a perguntas da plateia, na qual estavam quatro chineses que estudam engenharia do petróleo no Rio.
Ele disse que Pequim está ajustando gradualmente sua taxa de câmbio, que já se valorizou 30% nos anos recentes, mas que não age "sob pressão" externa. "A questão do câmbio não é origem do desequilíbrio econômico e comercial", disse, numa referência indireta ao pacote de estímulo nos EUA, que também levou à desvalorização do dólar.
PS.: Veja também "A lição comercial do Vietnã" no link:
http://blogs.estadao.com.br/rolf-kuntz/2011/03/23/a-licao-comercial-do-vietna/
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