quinta-feira, 19 de junho de 2014

Mania brasileira

Faz parte da nossa cultura o hábito de acreditar que conhecemos tudo, que sabemos o que é certo e o que é errado e por isso damo-nos ao desfrute de estabelecer normas para que os outros as cumpram.
Acha que estou exagerando?
No link: http://oglobo.globo.com/politica/brasil-faz-18-leis-por-dia-a-maioria-vai-para-lixo-2873389   você se cientificará que só os 27 Estados mais o governo Federal, de 2000 a 2010, produziram 75.517 Leis, o que dá uma média de 18 Leis por dia. E além disso você deve considerar (1) que antes disso já existia um número astronômico de Leis e que a maioria delas foi preservada; (2) que neste número não foram consideradas as leis produzidas pelos 5.564 Governos Municipais existentes no Brasil; (3) que também não foram computadas as zilhões de normas exaradas pelas Secretarias estabelecendo muitos mais zilhões de procedimentos, formulários e carimbos necessários para a implementação destas Leis e nem (4) que a produção de Leis parou por aí.
E no link: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/06/1470560-brasil-perde-a-dianteira-em-eficiencia-energetica.shtml   você também saberá que apesar de o Brasil, juntamente com os Estados Unidos, terem criado a norma ISSO 50001, em 2011, com o objetivo de melhorar a eficiência energética da empresas e reduzir a emissão de poluentes, devido à falta de incentivos do governo brasileiro, em 3 anos apenas 13 empresas estabelecidas no Brasil receberam esta certificação, enquanto na Alemanha, por exemplo, nesse mesmo período, 3441 empresas foram certificadas.
E no link: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2014/06/1469463-a-imagem-do-brasil-e-a-copa.shtml   você também saberá que apesar disso, os nossos políticos sempre deslizaram sobre estes problemas como se eles não existissem e sempre se julgaram capazes de capitalizar ganhos políticos com as questões de grande efeito midiático, criando uma (discutível) imagem de um país incrivelmente dinâmico, próspero e conhecedor do caminho que quer trilhar.
Como você vê, os fatos indicam que não é nenhum exagero afirmar que consideramo-nos especialistas em cuidar da vida alheia mesmo não sabendo cuidar nem da própria.

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