domingo, 6 de julho de 2014

Investir em inovação é a chave para o desenvolvimento

Há cerca de 60 anos atrás o Premio Nobel de Economia Robert Solow observou que o aumento da renda derivava essencialmente do aprendizado, que é a capacidade de como fazer melhor as coisas, visto que é ele que propicia o progresso tecnológico, que por sua vez, leva ao aumento da renda e à consequente melhoria das condições de vida.
Sendo assim, faz total sentido atentar para a maneira como as sociedades aprendem e como elas aplicam na prática o que aprenderam, ou seja, como elas inovam.
Ocorre que a coisa não é tão simples como parece porque não basta que as corporações adotem esta estratégia. Se assim fosse, as empresas dominantes, apoiadas pelas autoridades regulatórias, estariam usando o seu avanço para dificultar o surgimento de concorrentes e assim consolidar o seu poder de monopólio que, por definição, é contrário a qualquer coisa que coloque os seus próprios interesses em risco.
É disso que fala a brilhante matéria “A criação de uma sociedade do aprendizado”, de Joseph Stiglitz:
http://oglobo.globo.com/opiniao/a-criacao-de-uma-sociedade-do-aprendizado-12711222  

terça-feira, 1 de julho de 2014

O Brasil num voo cego para o abismo socioeconômico

Digo cego diante da persistência e irresponsabilidade de quem pilota, e digo cego porque insistem em tapar a visão do povo para a real situação do país apenas com a ilusória pregação da distribuição de riquezas. Mas, afinal, que distribuição é essa? Nós assistimos a quatro tipos de distribuição da riqueza: 1º) O privilegiado grupo de empresas que só vive em simbiose e cumplicidade com a alta corrupção da elite política. 2º) Os governantes de primeiro e segundo escalão. 3º) O corporativismo do alto funcionalismo público, dos três poderes, que assiste à alta corrupção e cujo silêncio é pago com altíssimos salários ou com a própria prática da corrupção no varejo. 4º) E, finalmente, a menor parte: a esmola do Bolsa Família, destinada à gigantesca ignorância nacional para garantir a continuidade dos mandatos políticos. Essa é a verdadeira distribuição da riqueza nacional, praticada por governantes que unem a grande incapacidade de plantar com a exagerada vontade de colher. Os efeitos desse modo de governar são gravíssimos porque, no futuro, eles não aceitam mais correções num ambiente democrático. Desse modo, avançamos cada vez mais para o mesmo caos da ingovernabilidade que gerou a intervenção militar de 1964. Hoje, todos os políticos no poder querem recriar a história a seu modo e, em vez de combater as causas do golpe (porque são as mesmas, e cada vez mais praticadas hoje), convenientemente combatem seus efeitos. Ora, nenhum brasileiro consciente quer ditadura. O que nós queremos é um governo competente e ético, que defenda, sim, uma democracia de direitos, mas com uma radical rigidez na cobrança dos deveres, de todos: primeiramente na governança e na administração pública, com postura exemplar, para depois exigir o mesmo da sociedade e do contribuinte. Com o atual modelo institucional na área tributária, o governo está sobrecarregando a sociedade com excessivas obrigações, enquanto agrada aos políticos e ao corporativismo do Estado com fartos direitos, tirando sem escrúpulos da área produtiva para colocar e inchar a área improdutiva. Resultado: um governo gigante que quer mais e uma sociedade economicamente enfraquecida que não aguenta mais, com muitos deveres de um lado e fartos direitos de outro. Nosso modelo de governo, como uma ditadura disfarçada, é totalmente dedicado à eficiência e ao aprimoramento arrecadatório tributário, com sinais claros de que ninguém está preocupado com a eficácia e o rigor na administração dos recursos arrecadados. É muito fácil distribuir dinheiro e a esmola do Bolsa Família por um governo que teve uma arrecadação multiplicada em 500% em 12 anos, apenas graças ao aprimoramento da máquina arrecadatória. Com tanto dinheiro em mãos, a preocupação foi apenas comprar apoio político e dar asas à corrupção. Pergunto: se a arrecadação aumentou 500%, os investimentos em infraestrutura, serviços públicos, como saúde, educação e segurança, aumentaram quanto? 500%? Não. 400%? Não. 300%? Não. 200%? Tenho minhas dúvidas. O que nos foi demonstrado até agora, em 12 anos de PT, é que a capacidade de nossos governantes, infelizmente, não permite gerar riqueza. Apenas distribuí-las. E a riqueza, se não é gerada, um dia acaba, como acabou em Cuba, e como acabou na Venezuela. Por isso é que essa nossa direção é o abismo. O estrago é tanto que, mesmo se todos decidissem parar de roubar, há de se perguntar: como fazer para desinchar a máquina do Estado, que está superlotada de tanta gente apadrinhada? Como fazer para baixar os altíssimos salários generosamente concedidos para ter apoio institucional do poder público e administrativo? Como recriar tantos empregos no setor produtivo já destruído e aniquilado pela insuportável truculência tributária e por tanta imposição de funções sociais por meio de leis trabalhistas demagógicas? Como diminuir o custo da dívida pública se ela só tende a aumentar devido ao alto custo do governo? Se a história de cada país é dividida em períodos, o Brasil, que já viveu o ciclo da borracha e o do café, vive hoje o que podemos chamar de “Período do Absurdo”. Absurdo, por ver e ouvir exaltar a “defesa dos trabalhadores”, no “Dia do Trabalho”, por políticos que de tudo gostaram na vida, menos de trabalhar. Absurdo, por ver e ouvir candidato à reeleição de um partido há 12 anos no poder que não fez quase nada e ainda tem a coragem de prometer coisas e mais coisas. Absurdo, por ver e ouvir governantes pregando a igualdade e a distribuição de renda e assistir aos enriquecimento instantâneo de tantos políticos e seus familiares. Absurdo, por ver e ouvir todos os políticos no poder condenando (com razão) as atrocidades militares de uma ditadura que aconteceu para defender a nossa democracia e hoje, sem nenhuma ditadura, permitirem que mais de 50 mil brasileiros inocentes sejam assassinados por ano, por uma delinquência e impunidade institucionalizada. Absurdo, por ver e ouvir que há políticos que, condenados lá fora por corrupção, correm o risco de ser presos pela Interpol no mundo inteiro, menos no Brasil, exatamente onde eles cometeram o crime. Absurdo é ver e ouvir toda uma sociedade esclarecida assistir, inerte, a tantos e tantos absurdos. Prefiro encerrar com as sábias palavras de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. O autor Cav. Giuseppe Tropi Somma é empresário, membro da Abramaco e Presidente do Grupo Cavemac. Reprodução liberada. Para compartilhar este e outros Pontos de Vista, acesse: www.costuraperfeita.com.br e clique no menu “Edição atual” ou “Edições anteriores”.