quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O culpados e as certezas


Por João Cesar de Melo

Como um delinquente bêbado, pouco mais da metade da população decidiu continuar acelerando inconsequentemente na mesma curva que seus vizinhos capotaram. Capotará também, porém, levando consigo a outra metade da população que o acompanha sentada à sua direita, no banco do carona. Devemos ter pena dessa outra metade? Devemos vê-la como inocente? Não. Apesar de sua lucidez e honestidade, ela sempre foi passiva, tanto, que virou cúmplice de sua própria tragédia. Foi covarde. Teve medo de impor limites àqueles que pediram e depois assumiram o volante.

Os culpados pela reeleição de Dilma:

Fernando Henrique Cardoso por sua tolerância com as sabotagens, ofensas e calúnias que sofreu durante seu governo, o que soou aos ouvidos do PT como uma permissão para continuar com aquela estratégia de se chegar ao poder. Qual foi sua atitude diante dos falsos dossiês sobre sua vida? Nenhuma. Qual foi sua atitude com aqueles que invadiram, depredaram e saquearam (com apoio de Lula) a fazenda de sua família? Nenhuma. Fernando Henrique Cardoso não foi homem nem para defender sua esposa (quem dedicou sua vida a projetos sociais) das calúnias que sofreu.

Nas três eleições seguintes, José Serra e Geraldo Alckmin concorreram à presidência sem bater no PT afundado em casos de corrupção e permitindo que Lula e Dilma pejorassem as privatizações de FHC. Nesses 12 anos de governo petista, o PSDB não apenas fez uma oposição frouxa, mas assistiu passivo o PT promovendo uma massiva campanha de desconstrução do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Enquanto os tucanos tentavam conquistar votos exibindo a beleza de suas penas, a imprensa e a Justiça também se continham diante dos desvios e afrontas da esquerda liderada pelo PT. Temendo serem vistos como a continuidade da postura antidemocrática do regime militar, a maior parte dos jornalistas, dos meios de comunicação, dos promotores e dos juízes deram espaço e liberdade para o movimento socialista divulgar suas ideias, por mais absurdas que fossem – Lula construiu carreira pregando a espoliação do capital e da propriedade privada. Viram, passivos, o PT sendo preenchido por aqueles que defendiam o alinhamento do Brasil com todos os líderes da extrema esquerda latino-americana. Ignoraram o Foro de São Paulo. Assistiram o PT acolhendo e projetando politicamente ex-guerrilheiros e comunistas declarados. Livraram muitas e muitas vezes o PT e sua militância do peso da lei para evitar serem taxados de repressores.

Obviamente, artistas e intelectuais também passaram a endossar todas as ações de Lula e do PT por vê-los como um poema revolucionário que levaria progresso ao país.

Sustentando esta tolerância irresponsável estavam pequenos empresários, profissionais autônomos e assalariados comuns que tentavam construir suas vidas por si mesmos, por meio de seus esforços e talentos. Mesmo sentindo a faca estatal lhe cutucando o pescoço com cada vez mais força por meio de impostos e burocracias, mantiveram-se indiferentes aos absurdos do governo por… “não gostar de se manifestar sobre essas coisas de política”; covardia que permitiu aos cretinos e canalhas ditarem o caminho que o Brasil seguiria. Aqui estamos, assistindo uma ex-guerrilheira comunista sendo reeleita Presidente da República, ovacionada por uma militância que prefere ostentar bandeiras do PT em vez de bandeiras do Brasil.

Aécio Neves e seus eleitores foram bravos, porém, tardios. Levantaram-se apenas quando o PT já estava com a maior parte da máquina estatal trabalhando para si. Depois de tantos anos sendo complacentes com as “boas intenções” e com os métodos petistas, agora sentem o amarguíssimo gosto de se verem condenados a serem meros financiadores de um projeto ideológico. Gabeira, Gullar e outros intelectuais demoraram demais para se posicionar contra os absurdos do PT.

Como símbolo da covardia da metade não corrompida do Brasil, aponto Joaquim Barbosa. Mesmo sendo reconhecido pela população como um herói por seu posicionamento no processo do Mensalão, retirou-se covardemente de cena logo quando a sociedade mais precisava dele. Foi ameaçado e caluniado de todas as maneiras pelo PT, mesmo assim se manteve distante do processo eleitoral. 

Teriam bastado duas ou três manifestações públicas dele em apoio ao candidato do PSDB para Dilma perder muitos votos. Mas não… Joaquim Barbosa não quis se meter na política. Prezou sua imagem. Foi covarde.

Infelizmente, foram em vão os esforços e a coragem das poucas pessoas que nestes anos todos denunciaram os absurdos do PT.

A certeza que tenho é que a metade não corrompida da sociedade voltará à sua covarde e histórica reclusão enquanto o PT acelerará a concretização de seu projeto de poder; e ninguém poderá acusá-lo de ter nos enganado. Todos os seus objetivos sempre foram muito claros. Suas ações, seus pronunciamentos, suas alianças… Nada foi escondido. Dilma Rousseff deixou bem claro que não mudará a condução da economia, que não enxugará a máquina pública, que não tirará nenhum companheiro das estatais, que não deixará de financiar projetos em Cuba e na Venezuela. O Brasil vai quebrar, pois o PT precisa que quebre. Quanto pior for a situação do país, Dilma terá mais justificativas para intervir na economia, na justiça, na imprensa e na liberdade das pessoas. O PT quer tirar o poder político e econômico da classe média para torná-la dependente do Estado. Os ricos que não forem embora se aliarão ao partido.

Anotem:

1 – Dilma forçará sua “reforma política” para transferir poder do Legislativo para o Executivo e para os “movimentos sociais” ligados ao PT;
2 – Perseguirá, sem pudor, toda a Justiça e imprensa não alinhadas ao PT, anulando os processos que estão em curso, blindando Lula de toda e qualquer acusação;
3 – Remodelará a constituição de modo que preserve o PT no poder;
4 – Colocará sua militância na rua para intimidar qualquer manifestação da sociedade independente;
5 – Efetivará as diretrizes do Foro de São Paulo, institucionalizando um bloco socialista de ajuda mútua entre Cuba, Venezuela, Bolívia e Argentina.


Adorarei reconhecer, daqui uns anos, que minhas projeções estão erradas mas, hoje, não me é possível enxergar como processos distintos o que acontece aqui e o que aconteceu na Venezuela, aonde a maior parte das pessoas que agora vão às ruas protestar contra o governo foram às ruas apoiá-lo anos atrás. Arrependeram-se tarde demais. Arrependeram-se não como um delinquente depois da capotagem. Arrependeram-se como um carona que permitiu ser conduzido por um bêbado irresponsável. Agora, lá estão os venezuelanos, presos a uma maca e sobrevivendo de soro.

Logo, o Brasil será um país de arrependidos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O que seria dos espertos se não fossem os trouxas?

Por incrível que pareça, o discurso do PT é basicamente sustentado por um ingrediente bastante elementar. Tudo se baseia no pronome pessoal plural “Nós” utilizado na tradicional fórmula de cortesia. Sempre combinado com o “Eles”, esta fórmula é usada pelo partido para dividir o povo, numa alusão onde “Nós” são os oprimidos e “Eles”, as elites. Esta pregação de ódio tem um significado externo, entre os eleitores, e interno, entre os membros do partido.
Externamente, esta divisão visa explorar uma série de sentimentos vivenciados pelas pessoas mais vulneráveis da sociedade. Vulneráveis não apenas no aspecto financeiro, mas também emocional.
O brasileiro é bombardeado diariamente com informações visuais que não condizem nem um pouco com a realidade do povo. As pessoas se deparam desde pequenas com campanhas que enaltecem apenas um grupo na sociedade: os bonitos, ricos e inteligentes. Em todos os lugares, haverá sempre um programa na TV, uma revista ou um outdoor ostentando pessoas lindas, alegres e ricas.
Não há como mensurar o impacto destas informações sobre a população do país, onde a maioria é estigmatizada por não ser nem linda, nem rica, nem inteligente. De mesmo modo, não é difícil supor que a maioria das pessoas questionam esta realidade, onde muitos chegam à conclusão de que nunca serão lindos, ricos ou inteligentes. De uma forma ou de outra, esta ditadura de padrões interfere na auto estima das pessoas ou as pessoas se permitem afetar por isto. Tanto que muitas se submetem à ditadura do mercado e tentam se ajustar através da moda, recursos estéticos ou se associarem à ícones de consumo, de modo a se sentirem mais inseridas no contexto social.
O PT explora a baixa auto estima deste universo de pessoas, chamando à eles de “Nós”, acrescentando a eterna promessa de vingá-los, apontando para “Eles”. Os simpatizantes do PT são tão burros que ainda se permitem seduzir por este tipo de revanchismo social. Um método medíocre criado por pessoas espertas que encontraram a fórmula mágica para agradar a maioria. Este método deu tão certo para o PT, que seus simpatizantes chegaram ao ponto de defender todas as falcatruas, roubalheiras e atos de corrupção que os representantes do partido cometem à torto e à direita.
Os simpatizantes do PT não se deram conta ainda que o partido estimula, fortalece, manipula e explora a baixa auto estima do povo brasileiro, onde a maioria teve origem na miscigenação entre índios, negros e portugueses. O PT explora a boa fé de pessoas que ainda não tiveram acesso à educação de qualidade, como é o caso da maioria do povo deste país. O PT explora a fragilidade e a insegurança financeira que alcança a maior parte da população, como em qualquer outro país de terceiro mundo. O PT estimula o sentimento de ódio e de vingança contra uma minoria de pessoas no país, criminalizando-as por sua condição financeira, estética ou intelectual. Os simpatizantes do PT sofrem uma lavagem cerebral e acabam por esquecerem-se que no Brasil não há “Nós e Eles”. Todos são brasileiros.
Internamente, o conceito do “Nós e Eles” também é bastante útil ao partido. Funciona como uma espécie de estímulo à corrupção. Não é raro ver o Lula gritar em seus comícios frases como “Ele roubaram o país por mais de 500 anos”, dando margens à interpretações como “Agora é nossa vez” ou “Se eles roubaram, nós também podemos” ou ainda “Nós também não somos perfeitos”. Dentro do partido, o “Nós” pode significar uma credencial que dá direito aos integrantes do partido roubarem “Deles”.
o próprio Lula ratifica esta tendência e já declarou de público que, em caso de roubo cometido por um companheiro investigado pela justiça, ele fica do lado do companheiro;
Observem que o “Nós” está sempre presente nos discursos do PT. Ao pronunciar “Nós” eles estão incluindo você que votou “Neles”, aqueles que depois das eleições só vivem no meio dos mais ricos e também ficam cada dia mais ricos.
@muylaerte