Relato da viagem à Áustria, Hungria, Eslováquia, República Checa e Alemanha, feito de 14/set a 02/out/2011
1 - Considerações Preliminares
2 - Antecedentes Históricos
3 - Antecedentes Culturais
4 – Impressões sobre as Localidades Visitadas:
Berlin (Alemanha) 23/setembro
Bratislava (Eslováquia) 20/setembro
Bregenz (Áustria) 27/setembro
Budapeste ( Hungria) 18/setembro
Castelo Neuschwanstein (Alemanha) 28/setembro
Dresden (Alemanha) 23/setembro
Durnstein (Áustria) 17/setembro
Floresta Negra (Áustria) 27/setembro
Frankfurt (Alemanha) 25/setembro
Friburgo (Alemanha) 26/setembro
Garmisch Paternkirchen (Alemanha) 28/setembro
Karlovy Vary (Rep. Tcheca) 22/setembro
Krems (Áustria) 17/setembro
Lindau (Alemanha) 27/setembro
Melk (Áustria) 17/setembro
Munique (Alemanha) 29/setembro
Oberammergau (Alemanha) 28/setembro
Praga (Rep. Tcheca) 20/setembro
Strasburgo (França) 26/setembro
Viena (Áustria) 15/setembro
Wachau (Áustria) 17/setembro
Weimer (Alemanha) 25/setembro
Zugspitze (Alemanha) 29/setembro
1 - Considerações preliminares
Este é um relato pessoal que teve como objetivo reavivar as lembranças das localidades por onde passei nesta viagem (Europa do Leste e Alemanha Romântica, promovido pela operadora Sato), mas que também poderá servir de estímulo e orientação para quem se dispuser a fazer este roteiro.
Não espere que em uma excursão deste tipo você vá fazer tudo o que gostaria. Isso é impossível num pacote turístico. Em primeiro lugar porque não existe tempo suficiente e, secundariamente, porque em um grupo de pessoas é fundamental seguir as instruções e principalmente o tempo determinado pelo Guia Turístico, caso contrário, a programação comprada ficará prejudicada.
É claro que as preferências, as áreas de interesse e a importância dada às coisas variam de pessoa para pessoa, ainda mais que mesmo olhando para as mesmas coisas as pessoas enxergam e preferem coisas diferentes. Por isso se você pretende dedicar mais atenção e tempo às suas prioridades, é melhor viajar sozinho, porém sozinho, a menos que você já saiba o que está fazendo, você vagará sem rumo e não terá as orientações dos Guias sobre a história e a cultura do local, fazendo com que, em muitos casos, você não enxergue nem aquilo que você está vendo (lá na Europa os Guias são obrigados a cumprirem pelo menos cinco anos de estudos na cadeira de História. Só reze para que o seu Guia seja linguisticamente compreensível, mas a maioria é).
Além disso, o pacote turístico só abrange o básico: hospedagem, café da manhã, transporte e Guia Turístico. Geralmente onde se lê “dia livre” é porque será oferecido um passeio opcional para locais imperdíveis (com pagamento à parte, lógico). Aliás, muitas vezes se paga até para ir ao banheiro. Mas a coisa é assim mesmo, o turista sempre é visto como uma fonte de renda, o importante é sentir que não estamos sendo explorados demais, ou seja, que estamos pagando o preço justo, o preço que todo mundo paga, não mais do que isso.
Afinal, a vida boa é cara, mas a outra não vale a pena. Pelo menos de vez em quando, a gente merece algum luxo, depois a gente vê como fica. Mesmo porque não tem graça fazer turismo em lugares comuns. Quem faz turismo escolhe lugares onde existem atrativos que não existem em nenhum outro lugar, seja natureza, lugares glamorosos, ou berço de alguma cultura, estilo ou tendência, ou paraísos da diversão, ou mesmo do consumo. Por isso é que fazer turismo interessante não costuma ser barato e também por isso que muitos governos o consideram uma fonte de divisas nada desprezível.
2 - Antecedentes históricos
Toda a Europa, inclusive essa região (Áustria, Hungria, Eslováquia, República Tcheca e Alemanha) sempre esteve envolvida em conflitos e passou por grandes transformações que, dependendo dos interesses em jogo, do poder de dominação e das alianças estratégicas ou políticas, entrelaçava ou tumultuava a vida das tribos, aldeias, dinastias e povos que lá habitavam. É lógico que as pessoas e povos atribuem diferentes importâncias a determinados fatos, de forma que para alguns, certas pessoas são heróis e para outros, são carrascos. Mas o fato é que essa região sempre esteve viveu fortes emoções e o saldo parece que foi muito positivo.
Só para listar os fatos mais relevantes, primeiro essa região foi área de interesse de expansão do Império Romano, isso desde a época de Cristo, depois houve a expansão dos povos Germânicos do norte, depois, no século XIII, houve a ameaça de invasão do Império Mongol que se estendeu até grande parte da Rússia. No final do século XV a Hungria invadiu boa parte da região. No século XVI, Martinho Lutero revolta-se contra a exploração da fé cristã (na verdade, contra a venda de indulgências) e apresenta uma nova versão da Bíblia, traduzida a partir da Bíblia original escrita em grego, fundando o movimento Luteranista (ou Protestante) iniciando uma verdadeira dissensão entre os governantes da época, até que em 1746 ocorreu a cisão definitiva entre o governo e a igreja católica. No séculos XVI aconteceu a invasão Otomana na Europa e em 1683 a sua expulsão. Em 1679 houve a Peste Bubônica que dizimou mais da metade da população europeia. No final do século XVII, depois de muito guerrear, a Alemanha fundou o 1º Reich (1º Império Alemão), do qual, o Portão de Brandemburgo, construído em 1720, era o símbolo. No começo do século XIX a Europa foi invadida e dominada por Napoleão. Em 1871 Bismarck unificou a Alemanha e na década de 1890, após vencer a guerra contra a Dinamarca, a Áustria e a França e estabelecer domínio sobre grande parte da Europa, ele fundou o 2º Reich. Em 1914 começa a 1ª guerra mundial (em que a Alemanha não foi vencida e nem invadida, ela apenas capitulou porque haviam se esgotado os seus recursos). Em 1929 estoura a maior crise econômica da história. Em 1933 Hitler assume o poder na Alemanha e começa aprontar das suas. Em 1938 a região tcheca e húngara foi dominada por Hitler. Em 1939 começou a 2ª guerra mundial (em que a Alemanha foi devastada). Após essa guerra os perdedores foram repartidos entre os ganhadores e teve início a Guerra Fria, durante a qual, muitas barbaridades foram cometidas, sob as mais diversas e esfarrapadas justificativas. Não bastasse isso, em 1989, uma onda revolucionária que fez desmoronar o sistema comunista provocando profundas transformações, especialmente na Europa. E, por último, a crise financeira de 2008 vem provocando desdobramentos importantes na vida da maior parte dos europeus.
Certo dia perguntei ao Guia por que lá existem tantos castelos. Ele pensou um pouco e disse que é comum a todos que atingem o posto máximo de um governo, ou de uma Dinastia, ou de um Principado, ou de um Reinado, ou de um Império, ou de um Palatinado (local onde o Imperador residia), querer apresentar-se ser vitorioso, superior e poderoso. E me pediu para que eu raciocinasse a partir da vida prática, por exemplo: quem casa quer casa, porque lá vai ser o seu domínio, lá ninguém interfere, lá quem manda é você. Outro, quem mais compra roupas, não o faz por necessidade, mas sim por vaidade. Outro, se o filho do vizinho tem uma bicicleta X, parece inaceitável comprar para o seu filho uma bicicleta mais simples. Algumas vezes isto pode até não parecer muito racional, mas nem sempre é fácil admitir que você está por baixo. As pessoas gostam mesmo é de mostrar que podem, que conhecem e que tem bom gosto e prestígio. Dependendo do contexto e da situação, isso tanto pode ser positivo como também pode ser produzir resultados francamente desastrosos, mas isso é uma outra história.
Entre as nações continua existindo essa preocupação com a dominação, mas ela deixou de ser ostensiva. Ela passou a ser mais sutil, atualmente ela se resume à dominação intelectual, financeira, econômica e cultural e o resultado final acaba sendo o mesmo: a dependência passa a ser consentida pelos dominados, de forma que o dinheiro acaba fluindo para os centros dominantes e ainda com a vantagem de esta ser uma situação mais barata (do que a guerra), estável, duradoura e politicamente correta.
3 - Antecedentes culturais
Foi possível perceber que grande parte do povo visitado nesta viagem tem prazer em fazer, prestigiar e patrocinar o que é representativo do seu povo (abundam monumentos que fazem referência e homenageiam os fatos históricos relevantes), tem consciência de que o ganho deve ser produto do esforço, não ficam a espera de benesses, vantagens ou proteções (mas isso está mudando, as novas gerações, não só as europeias, estão se acostumando a uma vida com cada vez mais direitos e com cada vez menos obrigações, situação essa que não é sustentável no longo prazo porque nela as despesas crescem muito mais rapidamente do que as receitas) e não têm a preocupação de se dar bem e nem a da levar vantagem sobre os outros. Lá as coisas não costumam ficar sendo refeitas e, além disso, os desvios não são comuns e nem significativos. Eles também não renegam o passado nem as suas origens, eles admiram, cultuam e reverenciam os seus líderes que tenham apresentado atuações realmente exemplares, os mitos e os valores positivos e sobrepõem novos valores e mártires sobre os, igualmente indestrutíveis, mitos negativos (por exemplo, o monumento ao Holocausto construído sobre o Bunker do 3º Reich, em Berlin) visando evitar que se repitam os erros e as atrocidades cometidas no passado. Se esforçam em aprender (existem inúmeras universidades e museus, sobre os mais diversos assuntos, em praticamente todas as cidades), em aproveitar tudo ao máximo (lá nem as terras são sub-utilizadas), evitam os refazimentos, as redundâncias e os desperdícios (Poder Legislativo, por exemplo, só existe nos Estados e na Federação. À exceção de Hamburgo e Bremen, nenhum dos demais municípios possuem uma Câmara Legislativa, em seu lugar o Prefeito conta apenas com um pequeno Conselho de Administração, com no máximo 5 ou 6 pessoas). Estudam muito (leem ou treinam o tempo todo. A Força Aérea, por exemplo, treina 24 horas por dia, de segunda a segunda. Impossível não perceber), preferem o clássico aos modismos, tem por hábito executar serviços de qualidade (até os raros remendos efetuados no asfalto das estradas ficam perfeitos) preservando e conservando, sem desperdícios nem refazimentos, tudo que merece ser preservado, notadamente os seus rios, florestas e habitações (todas as cidades visitadas possuem um centro velho e nenhum deles eu percebi sinais de decadência). Sempre estão preocupados em evoluir sem nunca abrir mão da modernidade (em termos de conforto, por exemplo, as casas da zona rural são equivalentes às da zona urbana e, pasmem, muitas delas possuem placas de energia solar).
No geral eles procuram evitar as atitudes das quais um dia possam se arrepender ou se envergonhar porque sabem que a correção, a decência e a honestidade são fundamentais para qualquer pessoa, empresa ou nação que pretenda ser respeitada e admirada. Em Munique, por exemplo, durante a Oktoberfest deu para perceber que nem entupidos de cerveja eles se descuidam do respeito e da civilidade, fato que demonstra que “não” é a bebida que induz à irresponsabilidade, a bebida só prejudica o reflexo e mostra quem as pessoas realmente são, o que pensam e do que são capazes.
Eles sabem que a melhor defesa de um país é a cultura do seu povo, tanto que apesar das inúmeras as vezes que estes povos e cidades foram dominados e destruídos e em todas estas vezes eles conseguiram reerguer-se e reconstruí-las com dignidade. Isto seguramente é produto da profunda admiração que eles nutrem pelas quatro virtudes cardeais e que estão representadas em vários monumentos da região, quais sejam: a justiça, a prudência, a coragem e a temperança, que é a busca do bem na medida certa, nem de mais, nem de menos, na medida certa.
Outra coisa bem curiosa é a existência de um grande número de Casinos chiquérrimos em países tão desenvolvido (só a rede austríaca Urlaub possui 24 Casinos na Áustria e na Alemanha, sendo que além dela existem também vários outros casinos). A gente fica saber por que o governo brasileiro insiste tanto em proibir a instalação de casinos e, especialmente dos caça-níqueis. Por acaso não seria mais razoável regulamentá-los?
Lamentavelmente, as autoridades sempre nos apresentaram “apenas” as atrocidades cometidas pelos alemães durante as guerras, talvez para fazer prevalecer a versão que é mais conveniente ao vencedor. Porém, conhecendo aquela região percebe-se claramente que este não é o único enfoque possível, especialmente porque nas guerras não existem Santos, todos mentem e são ardilosos e cruéis. Por outro lado, eles, a exemplo dos gregos, não acham que a história tem que ser verdadeira, mas tem que ser boa e, de preferência educativa. Não é a toa que na Europa tudo seja cheio de história e simbologia, aliás, não foi assim que também surgiu a mitologia?
Quanto à culinária, a carne de porco, especialmente as salsichas, as linguiças e o joelho (que possuem um tempero e um nome diferente em cada região). Para minha surpresa, lá ninguém faz churrasco.
E quanto à bebida, a cerveja (bier) é a preferência geral, mas existe uma série de particularidades: a grande maioria das cervejas teve a sua produção iniciada pelos monges (que sempre foram grandes apreciadores dacerveja) dentro dos respectivos monastérios ou abadias, na verdade era a bebida oficial; existe uma grande variedade de tipos, mas não existe chopp, só cerveja; é difícil encontrar cerveja em lata, o normal é em garrafa ou a granel, que geralmente são servidos em copos de 500 ml; a cerveja típica da Oktoberfest tem um teor alcoólico mais alto (6%) e é servida apenas em canecos de 1 litro, que são vendidos a 10 Euros.
4 – Impressões sobre as Localidades Visitadas
Começamos por Viena, capital da Áustria, onde chegamos na tarde do dia 15/set com hospedagem no Airport Hotel S1 (que é conjugado com o Restaurante Marché, que serve um incrível café da manhã), distante 30 km do centro de Viena. Porém, para compensar, a operadora colocou ônibus de ida e volta ao centro, em horários pré-determinados.
Com 1,7 milhão de habitantes, Viena em 2007 foi considerada a cidade com a melhor qualidade de vida do mundo. O Rio Danúbio corta várias cidades, mas de alguma forma parece pertencer mais a Viena do que a qualquer outra, mesmo ele não sendo majestoso no trecho que passa pela cidade, talvez por obra de Johann Strauss que em 1867 apresentou ao público a sua valsa Danúbio Azul. Ao lado deste rio também encontra-se a Torre do Danúbio, uma torre de TV, de metal, com 287 metros de altura que também abriga um restaurante rotatório (ele gira 360º a cada 20 minutos) com uma vista magnifica para a cidade.
Apesar do clima clássico, reforçado por seus 27 castelos e 150 palácios espalhados por toda a cidade, Viena, a capital da monarquia dos Habsburgos por mais de 4 séculos, até o fim do Império Áustro-Húngaro, em 1918, não parou no tempo. Vale a pena caminhar para conhecer a cidade que além de museus tradicionais repletos de tesouros dos Habsburgos, a capital austríaca ganhou em 2001 o Museu Quartier, espaço cuja essência são as artes contemporâneas.
O telhado colorido da Catedral de Santo Estevão, símbolo da cidade, se destaca com os seus 250 mil azulejos vitrificados. Construída no século 13 e reformada ao longo dos anos, esta Igreja tem como característica a variedade de estilos: fachada romântica, torre gótica, altares barrocos. Dentro dela, além das missas, também ocorrem concertos
Devido ao seu histórico desenvolvimento econômico e cultural, Viena também foi a capital do império Áustro-Húngaro, é mundialmente conhecida como a Capital Européia da Música (erudita) e hoje abriga diversas importantes organizações internacionais. Ela foi berço ou a cidade preferida de muitos artistas, entre eles Schubert, Strauss, Mozart, Haydn, Beethoven e, mais tarde de vários outros nomes igualmente famosos, inclusive Freud. O Teatro Nacional da Ópera, inaugurado em 1869 com uma apresentação da ópera Don Giovanni, de Mozart (1756/1791), é maravilhoso e possui uma das melhores acústicas do mundo. O ingresso para assistir a uma apresentação (de ópera ou de concerto) varia de 40 a 150 Euros, dependendo da localização do assento, porém do lado de fora desse teatro está instalado um telão onde os espetáculos são transmitidos ao vivo. Além do Ópera também existem vários outros teatros que oferecem uma típica “Noite Vienense” com a exibição de óperas e concertos (a preços mais módicos, claro), não é a mesma coisa, mas também vale a pena.
Viena também é famosa pelos seus museus (existem mais de 100 museus), sendo que os principais são o de Belas Artes e o de Ciências Naturais, palácios, entre eles o de Schönbrunn, construído a partir de 1696 por Leopoldo I, antiga residência de verão da família imperial, onde viveram a queridíssima Imperatriz Maria Teresa e seu filho o Imperador Franz Josef I com sua esposa, a queridíssima Imperatriz Sissi e que serviu de cenário para o Tratado de Viena e para o encontro entre Kenedy e Kruchev, em plena guerra fria - os ingressos custam de 10 a 40 Euros, dependendo do tempo que se pretenda dedicar para conhecer o palácio; o Palácio Imperial de Hofburg foi a sede do poder dos Habsburgos durante mais de dois séculos, sendo que foi daí que Hitler discursou em 1938, prometendo emprego e comida e assim obtendo total apoio do povo austríaco; o da Prefeitura; o da Bolsa; o do Parlamento. Existem também inúmeros monumentos, entre eles talvez o que é considerado um dos mais importantes é um em homenagem à Imperatriz Maria Teresa. Existem também inúmeros jardins, merecem destaque os do Belvedere, residência de veraneio do príncipe Dom Eugênio de Saboya e de encontros da nobreza da época (hoje transformado em museu), de onde se tem uma belíssima vista da cidade; e igrejas (a Catedral Gótica de St. Stephen (Santo Estevão), a Peterskirche Wien (Igreja de São Pedro) e a Igreja Votiva).
A principal avenida é a Ringstrasse, que circunda o centro histórico, mas a rede de Metrô é muito ampla e boa. Também vale a pena conhecer a bela rua de pedestres Karntnerstrasse, com comércios de todos os tipos, e a Grabentrasse, rua repleta de lojas de grife. O principal mercado da cidade é o Nashmarkt, situado próximo ao centro, com dezenas de bancas vendendo frutas, legumes, carnes, embutidos, bares e produtos típicos de todas as naturezas. Imperdível é tomar um café no Central Kaffeehaus, uma das 10 casas de café mais charmosas do mundo, e outro no Café Museum, que desde o século 19 é frequentado por renomados intelectuais. Também não deixe de experimentar a deliciosa Sachertorte (torta de chocolate) no bar do Hotel Sacher, bem como a confeitaria Demel, fundada no século 18.
Em Viena existem 230 vinícolas e as uvas brancas representam 80% da produção. A apenas 6 km do centro, no distrito 21, é possível visitar vinícolas provando 7 rótulos por 15 euros, mas é bom reservar antes. Em uma das noites fomos a um restaurante típico Marchfelderhof, no bairro Grizing, onde existem inúmeras tabernas com música típica ao vivo e muito vinho. O restaurante Wiener Rathauskeller, também típico, situado no centro, junto ao prédio da Prefeitura, não foi visitado por absoluta falta de tempo.
Os Bosques de Viena são uma encantadora área florestal situada no entorno de cidade de Viena, com aproximadamente 6 km². Dentro dele existem algumas poucas moradias e povoados, mas nada que mereça destaque arquitetônico.
Ninguém se dispôs a fazer o passeio opcional para Salzburgo (a cidade da música, uma charmosa cidade com 150 mil habitantes, 3 cassinos, que está localizada em uma região com maravilhosas montanhas e lagos, cujo centro histórico foi considerado Patrimônio Mundial pela Unesco), porque só de viagem (ida e volta) levaria 9 horas.
No dia 17/set, fizemos um passeio (opcional), de dia inteiro, pelo Vale do Danúbio, uma região vinícola montanhosa denominada Wachau, passando por Krems, uma das cidades mais antigas da Áustria, até a cidade medieval de Dürnstein, conhecida como a Pérola de Wachau, onde em 1190 Ricardo Coração de Leão, Rei da Inglaterra, ficou preso e depois libertado, com a ajuda do trovador Blondel, mas às custas de um resgate que levou a Inglaterra à bancarrota. Esta região é famosa também por produzir e processar damascos nas formas de bebida e geléias . Daí seguimos de barco turístico (e que barco!!!), com almoço a bordo, até a cidade de Melk, outra das primeiras cidades austríacas (Viena, por exemplo, só veio a surgir 100 anos depois dela), onde existe a Abadia Benedictina de Melk (que também cobra ingresso), fundada no ano de 976, de grande importância cultural, religiosa e turística. Ao final do passeio voltamos de ônibus para o hotel de Viena.
No dia 18/set rodamos 250 km até Budapeste, capital da Hungria, com 1,7 milhão de habitantes e o Forint como moeda, visto que a Hungria não está integrada financeiramente à União Européia. Hospedamo-nos no Danubius Hotel Helia, que faz parte de uma tradicional rede mundial de hotéis especializada na prestação de serviços terapêuticos à base de águas com características medicinais. Este hotel é um Health SPA Resort que possui uma fonte e um balneário dentro do hotel, sendo que além desta fonte, Budapeste também possui outras 4 fontes com águas de características especialíssimas.
Budapeste é conhecida como a pequena Paris e também como a Pérola do Danúbio e também como a Rainha do Danúbio, visto que este Rio é majestoso no trecho que divide a cidade. A oeste estão os morros de Buda e a leste a planície de Pest. Em Buda, fundada em 89 A.C pelos Romanos, se encontra o lado mais antigo da cidade, a colina do Castelo, a praça Kossuth, a Igreja de Matthias, o Bastião dos Pescadores, que na verdade é um belvedere a partir do qual se pode contemplar a parte mais bonita da cidade, as residências da alta sociedade e as embaixadas. Em Pest, na parte baixa, está a maior parte da cidade, a ponte das Correntes, construída em 1849, a ponte de Santa Margarida (Margit, em húngaro) que foi projetada e construída pelo engenheiro francês Gustave Eiffel, no final do século XIX, o prédio do Parlamento (uma das mais grandiosas e belas edificações do mundo), Esztergom, o centro católico húngaro, onde se encontra a Basílica de S. Estevão (István em húngaro, ou Stephen em inglês), que sugere uma contribuição de 1 Euro para visitá-la e cobra 12 Euros de quem quer assistir ao concerto executado pelo órgão dessa Catedral. A 2ª maior Sinagoga (e museu hebraico) do mundo, situada na rua Dohany, que cobra um ingresso de 10 Euros para visitação (durante a 2ª grande guerra, em Budapeste, foram exterminados aproximadamente 250 mil judeus), o Palácio da Ópera (cobra ingresso de 12 Euros para a visitação), o Mercado Municipal (com uma variedade impressionante de produtos), a Praça dos Heróis com esculturas que retratam as diversas fases da história do país que que somente por volta do século IX foi invadido pelos Magiares que aí fundaram o reino da Hungria.
Vale a pena caminhar pela elegante rua comercial Vaci Utca (utca = rua) e pela Avenida Andrassy Utca, que é considerada a Champs Elyseé de Budapeste. Para quem tem tempo, de Metrô (que é o 2º mais antigo da Europa) dá para conhecer praticamente tudo o que interessa em Budapeste.
Em uma das noites jantamos em um dos tradicionais restaurantes típicos da cidade (o prato típico é o Goulash), ao som da música zíngara (típica da Hungria) e, na sequência, fizemos um passeio noturno de barco pelo Danúbio. A iluminação noturna deixa Budapeste maravilhosa, é um passeio imperdível.
Não tivemos tempo para visitar o palácio de Godollo, residência de verão da Rainha Sissi (esposa de Franz Joseph I, imperador da Áustria durante 49 anos, que não dava grande importância à Hungria), nem o passeio de barco à pitoresca vila de Szentendre, onde existe a magnífica “capriche” museu das jóias (mínimo de 4 horas), nem o Splash Point, um tour de ônibus anfíbio, nem Herend, a famosa Cidade da Porcelana, onde existe a maior fábrica de porcelana do mundo (com extensão até a península de Tihany), nem o passeio à Puszta (local de esportes hípicos), nem de fazer o passeio opcional ao povoado barroco de St. Andrés para visitar o museu de cerâmica e as várias lojas dos artesãos e nem para jantar no restaurante Duo Magyaros Étyeren, localizado no subsolo da Vaci Utca, 15. Não há nada que mantenha mais a unidade e o respeito do que a dependência econômica.
A bebida mais famosa é o vinho Tokaj, conhecido como o Rei dos Vinhos e também como o Vinho dos Reis, mas o vinho que normalmente se serve não é este. Igualmente famosos são a doceira Gerbaud e o Café New York que deve ser a casa de café mais luxuosa e glamorosa de toda a Europa. O café não é lá essas coisas, mas as suas instalações e o ambiente são deslumbrantes.
Em 20/set, depois de percorrer 200 km, chegamos ao meio dia em Bratislava, com 420 mil habitantes é a capital da Eslováquia, país muito antigo (os primeiros assentamentos datam de antes de Cristo) e com muitos museus, universidades, teatros, castelos e torres medievais. Ela foi capital da Hungria do século XVI ao XVIII, durante a invasão turca e depois esteve unida à Tchéquia, até que em 1991 desmembrou-se da Tchecoslováquia. Esta cidade sempre teve uma característica predominantemente agrária, mas nos últimos anos vem apresentando um forte desenvolvimento industrial em razão da recente instalação de várias indústrias automobilísticas na região. Quando chegamos chovia demais, almoçamos num Shopping local e seguimos em direção a Praga. Mais 320 km de estrada.
No final da tarde do dia 20/set chegamos a Praga, a antiga capital da Tchecoslováquia e atual capital da República Tcheca, com 1,2 milhão de habitantes. A sua moeda é a Coroa tcheca. É famosa pela produção de cristais (Bohemia) e também por ser a maior produtora mundial de lúpulo (não é por menos que os tchecos são os maiores consumidores de cerveja do mundo, com 158 litros/hab/ano. No Brasil o consumo mal chega a 50 litros/hab/ano).
Praga situa-se no coração da Bohemia e é conhecida como a “Cidade Dourada” e também como a “Cidade das Cem Torres”. Foi tombada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade em razão do seu admirável patrimônio arquitetônico e da sua fascinante vida cultural (Praga também possui diversas universidades, entre elas a Universidade Carlos, a mais antiga da Europa Central). Hospedamo-nos na unidade Esplanada do Hotel Ambassador Zlata Husa, na Praça São Venceslau, bem no centro da cidade.
Já desde a época de Cristo essa região era habitada por sete tribos. Uma delas era conhecida como Bohemia, daí o nome da região. Com o passar dos séculos elas foram se integrando e deram origem a quatro povoados: de um dos lados do Rio Moldova (Vltava, na língua deles), o Castelo de Praga (Hradcany, na língua deles), situado na parte mais alta de Praga (+ ou- 200 m de altitude em relação ao Rio Moldova), que floresceu a partir do século IX, foi idealizado para conter 64 edificações (totalizando 72 mil m²) que representassem as principais escolas, estilos e tendências culturais e artísticos do mundo e só foi concluído no início do século XX. Ali ficam o Palácio Real do Castelo, a mais antiga Catedral gótica da Europa: a Catedral de São Vito, de São Venceslau e de Santo Adalberto (cobra ingresso para a visitação), construída entre os anos de 1344 e 1366 e reformada entre 1845 e 1929), a Torre da Pólvora, a Torre de Dalibor, o Convento de São Jorge, o Palácio Lobkowicz e a Viela Dourada. Na parte baixa, entre o Castelo entre e o Rio Moldova, situa-se o Bairro Pequeno (Mala Strana), que foi formado no entorno da Igreja de Nossa Senhora da Vitória (que possui um altar em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, do Brasil), onde fica a imagem (e o museu) do Menino Jesus de Praga. Do outro lado do Rio Moldova situam-se o Bairro Velho (Staré Mesto, onde, em sua praça central, existe uma incrível concentração de estilos arquitetônicos), criado a partir do século XII, e o Bairro Novo (Nové Mestro), que teve o seu desenvolvimento iniciado a partir do século XVIII. Como cada um destes povoados era considerado uma cidade, cada um deles tinha a sua Catedral.
Conhecemos também o maravilhoso Teatro Nacional de Praga, em estilo neo-renascentista, cuja construção terminou em 1884, com frequentes apresentações de concertos (pagos, claro), a Ponte de Carlos (sua construção iniciou-se em 1357 para ligar o Castelo de Praga à Cidade Velha, ela é a única das pontes de Praga que resistiu sem danos às enchentes provocadas pelo Rio Moldova, ela possui 516 metros de extensão, está apoiada sobre 16 arcos de pedra e é decorada por 30 belíssimas estátuas, a maioria delas produzidas entre 1683 e 1714), a Igreja de São Nicolau, em estilo barroco, que costuma realizar concertos musicados pelo órgão da igreja (com ingresso pago, naturalmente), o Museu Nacional, 1ª edificação de Praga em estilo art-nouveau, que abriga a maior casa de espetáculos de Praga, o Smetana Concert Hall, onde em 28/10/1918 foi proclamada a independência da Czechoslovakia, a Rua Karlova, famosa pelo comércio, a Igreja de São Jorge, a Torre do Loreto, o bairro barroco de Josefov, onde está a Sinagoga Staronová e o bairro judeu mais antigos de toda a Europa, a estátua de Jan Huss, a Praça do Relógio Astronômico (construído em 1410, na lateral do Mosteiro Strahov), a Prefeitura e a Catedral Gótica da Virgem Maria (Nossa Senhora) de Tyn, que teve a sua construção iniciada em 1461. À noite fomos ao Teatro Negro assistir a uma apresentação típica, baseada no conto “Alice no País das Maravilhas”. Existem passeios de barco (cruzeiros) pelo Rio Moldova, mas não fizemos, precisaria de pelo menos quatro dias para conhecer esta cidade como ela merece.
No dia 22/set fizemos um passeio (opcional) a Karlovy Vary, uma belíssima cidade termal (estância balneária que possui várias fontes que atingem até 72 graus e um famoso gêiser que tem um jato que atinge a 17 metros de altura), frequentada por importantes personalidades mundiais, localiza-se a 120 km de Praga e foi fundada em 1370 por Carlos IV. Sempre foi uma cidade SPA, local de desfile de vaidades e templo da luxúria e da ostentação da aristocracia. Existe um significativo comércio de jóias e cristais (cuja produção em escala industrial iniciou-se no século IX), inclusive a famosíssima fábrica de porcelanas Moser. A fábrica de licor de ervas Becherovka também é originária desta cidade. Também existe uma boa estrutura hoteleira, inclusive o cinematográfico Grand Hotel Pupp, que está sendo preparado para ser um dos Casinos mais luxuosos do mundo. Nesta cidade também existe um aeroporto de médio porte onde vários frequentadores, notadamente os aristocratas russos, pousam seus aviões particulares, trazendo, não raro, até seus carros particulares. É curioso observar que embora o comunismo tenha feito um estrago considerável em toda essa região durante a 2ª grande guerra, o povo tcheco não nutre qualquer aversão aos russos “endinheirados” especialmente por considerarem que eles também foram vítimas do sistema comunista. Até a sua expulsão em 1945, a maioria dos habitantes de Karlovy Vary falava alemão. No final do dia voltamos para o hotel de Praga.
Na manhã do dia 23/set rodamos 340 km até Dresden , conhecida como a Florença do (Rio) Elba, atualmente com 500 mil habitantes, capital do Estado da Saxônia, na Alemanha.
Assim que chegamos fizemos um rápido tour pela cidade que mais sofreu com os bombardeios ordenados por Churchill nos últimos dias da 2ª grande guerra (até hoje existe muita controvérsia sobre a necessidade deste bombardeio) com bombas de fósforo que elevaram a temperatura a 700 graus centígrados por vários dias. Morreram 35 mil pessoas. Não sobrou nada vivo. Tudo o que poderia queimar, queimou. Mais de 80% da cidade foi destruída. Durante as semanas que se sucederam só era possível percorrer esta região com equipamentos de proteção. Depois da guerra esta cidade ficou sob dominação comunista, que não tinha a menor preocupação com a preservação arquitetônica da cidade (o estilo e a qualidade adotada pelos comunistas era bem parecido com as da COHAB). Depois da crise comunista de 1989 e da reunificação alemã muitos dos prédios que haviam sido construídos pelos comunistas foram sendo demolidos e substituídos por reconstruções do que existia de mais representativo na Dresden de antes da guerra.
No seu centro histórico, no Palácio de Zwinger, estão os tesouros da Dinastia da Saxonia. Destacam-se também o Palácio dos Prazeres que abriga três museus de arte, o Semper Opera House, a Igreja de Nossa Senhora Frauenkirche, a Igreja Católica Hofkirche e a antiga Praça do Mercado.
Ainda no dia 23/set, rodamos mais 200 km até chegarmos a Berlim (cujo significado é: ursinho), atualmente com 3,5 milhões de habitantes, para hospedarmo-nos no Scandic Berlin, na Postdamer Platz. Berlim é uma Cidade-Estado atualmente considerada a capital do momento. Ela é uma cidade intensa, vibrante, ao mesmo tempo moderna e contemporânea, com uma riqueza arquitetônica fascinante e uma enorme preocupação de se transformar sem esquecer de preservar a história, tanto que é considerada a cidade mais néo-clássica do mundo. Apesar de aparentemente rica, Berlim é o 2º Estado mais pobre da Alemanha (o Estado mais pobre da Alemanha é a Pomerânia).
A 2ª grande guerra destruiu 95% das edificações desta cidade (Berlin era a cidade que menos apoiava a Hitler e mesmo assim foi a mais destruída). Grande parte disto já foi (e continua sendo) reconstruído de acordo com o original (parece que eles tem plena consciência de que o turismo pode ser uma fantástica e inesgotável fonte de renda).
Depois da 2ª grande guerra Berlim foi dividida entre a parte americana (Berlim Ocidental) e a parte comunista (Berlim Oriental, intitulada “Democrática”, que tinha um sistema autoritário de dominação no estilo stalinista, era a capital da Alemanha comunista). Berlim Ocidental que na verdade situava-se dentro da Alemanha Oriental e o Muro de Berlim, com 155 km de extensão, cuja queda ocorreu em 09/nov/89 após a onda revolucionária dos países comunistas, teve como seu grande trunfo o estimulo aos negócios. Também é interessante observar que durante o período em que a Alemanha permaneceu dividida, a pequena cidade de Bonn foi escolhida para ser a capital da Alemanha Ocidental (capitalista).
Na época da Guerra Fria (que vai desde o término da 2ª Guerra até a queda do “Muro”) os residentes na Alemanha Oriental consideravam que o transtorno psicológico provocado pelas delações (1 em cada 4 alemães eram informantes do governo comunista) era mais perturbador que a existência do “Muro”. Depois da unificação alemã a capital voltou a ser Berlim, onde todas as Embaixadas acabaram construindo uma nova sede.
O city tour foi geral, mas muito superficial. Por isso, ao invés de fazermos o passeio opcional a Postdam, a Cidade Imperial, com 150 mil habitantes, capital do Estado de Brandemburgo, com muitos palácios e jardins, onde o principal atrativo é o Palácio de Sanssouci, um dos mais bonitos complexos palacianos da Europa, considerado Patrimônio Cultural da Humanidade e também o Palácio de Cecilienhof, que foi palco do encontro onde a CIA e a KGB trocaram espiões durante a guerra fria, passando pelo Palácio onde Stalin, Churchill e Truman reuniram-se para assinar o famoso “Tratado de Potsdam” e partilhar os territórios da Alemanha. Mesmo assim, refugamos. Preferimos conhecer Berlin (de Metrô) em detalhes.
No bairro de San Nicolai, em Berlim, visitamos a Ilha dos Museus (esta ilha fica no meio do Rio Spree, que corta a cidade), onde estão situados o Novo (Neues) Museu (que expõe peças pré-históricas e egípcias, entre eles o busto de Nefertite e muitos outros tesouros do período de Tutankamon), o Museu de Pergamon (que reúne construções, esculturas e objetos da cultura grega, de arte do mundo islâmico e antiguidades do Oriente) e o Antigo (Altes) Museu (que reúne os mais importantes trabalhos neoclássicos do mundo, inclusive coleções numismáticas). Muito difícil ver tudo isso em um único dia. Ao lado desta Ilha está situada a Catedral Católica (ingresso pago) entre outros dois fantásticos Museus de História que relatam a história de Berlin. Na sequência está a Av. dos Kaisers (Unter den Liden), a Universidade de Humbolt, a Biblioteca Real e a Ópera Estatal e pouco mais à frente, o Portão de Brandemburgo, inaugurado em 1791, uma espécie de Arco do Triunfo alemão que acabou ganhando status de marco oficial da reunificação alemã, e o belíssimo prédio do parlamento alemão (Reichstag), construído entre 1884 e 1894, incendiado em 1933, sob circunstâncias misteriosas, e reformado em 1961, 1971 e em 1999, quando foi acrescentado um interior moderno e uma bela cúpula de vidro. O monumento ao Holocausto foi construído sobre a área onde existia o Bunker Nazista e é constituído por 2711 campas que representam os campos de concentração existentes na época do 3º Reich.
Na Alexanderplatz (Praça Alexandre) está situada uma torre de TV considerada o ponto mais alto da cidade (203 m no piso panorâmico, 207 m no restaurante e 368 m no topo da antena – paga para entrar). Em Berlin existe a KaDaWe, uma das maiores lojas de departamentos da Europa e uma filial da fantástica Galeria Lafayette, de Paris. Não visitamos o mercado turco de Kreuzberg, o mais autêntico depois de Istambul, por absoluta falta de tempo.
Na manhã do dia 25/set rumamos para Weimar, uma pequena, antiga e charmosa cidade com 65 mil habitantes, situada no Estado da Turíngia, a 270 km de Berlin, que no século XIX foi um reduto de artistas, filósofos e escritores (entre eles, Nietzsche, Goethe , Liszt, Wagner, Bach e Schiller) e que é considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Em 1914, no Teatro Nacional, a Constituição alemã foi redigida pelos intelectuais da época e homologada pela Assembleia Nacional.
Foi também em Weimar, entre os anos de 1919 e 1933, que um grupo de arquitetos e decoradores dissidentes das tendências da época, fundaram Bauhaus, uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda, com um estilo que privilegiava a simplicidade, a iluminação natural e a ventilação como base de qualquer projeto voltado ao bem estar humano.
Até hoje Weimar possui muitos bonitos palacetes, jardins, museus (inclusive um dedicado à planta Gingko Biloba), boutiques, hotéis, restaurantes, cafés, uma universidade, muitas festas e uma intensa vida cultural e social, inclusive noturna.
Na sequência, ainda no dia 25/set, rodamos 280 km de estrada para chegar a Frankfurt, que tem uma população de 670 mil habitantes é a mais moderna cidade alemã. Para hospedagem no Hotel Marriott.
Frankfurt, que significa lugar onde o rio (Main) tem uma profundidade mínima, era considerada a cidade mais aristocrática da Alemanha (por mais de dois séculos aí foram coroados os Imperadores do Sacro Império Romano Germânico). Hoje Frankfurt é considerada o centro administrativo, militar, econômico e financeiro da Alemanha (é aí que funciona a DAX, Bolsa de Valores da Alemanha).
Frankfurt também foi destruída quase que por completo durante a 2º Guerra, especialmente porque aí existiam muitas casas construídas em estilo enxaimel (com estrutura de madeira) que viraram cinzas quando a cidade foi atingida pelas bombas de fósforo lançadas pelos Aliados.
Nesta cidade existe pouca coisa que lembre o período anterior à guerra. Frankfurt é moderna e tem tudo de bom que uma cidade moderna pode oferecer: shows, espetáculos, música, esportes, cultura, universidades, museus, teatros, parques, jardins, centros de compras, restaurantes, enfim, qualquer coisa que o dinheiro pode comprar. Só que como isso não era o nosso foco, chegamos em Frankfurt no final da tarde e partimos na manhã seguinte.
Na manhã do dia, 26/set, rodamos aproximadamente 100 km para chegar a Heidelberg, atualmente com 140 mil habitantes. Esta cidade faz parte do Estado de Baden-Württemberg e está situada no vale do Rio Neckar, um afluente do Rio Reno. Ela é considerada a mais antiga cidade universitária da Alemanha e foi uma das 10 únicas cidades alemãs que não foram bombardeadas durante a 2º Guerra.
Foi aí que se construiu o castelo do Palatinado de Heidelber onde morava Carlos Magno, o 1º Imperador do Sacro Império Romano, cujo pagamento de impostos aceitava inclusive sob a forma de vinho e os armazenava em enormes barris, um de 70 mil e outro de 210 mil litros. Este castelo depois de parcialmente destruído em uma guerra medieval, houve três tentativas frustradas de reconstrução. Atualmente são preservadas apenas as ruínas deste castelo.
No tour conhecemos também a Igreja do Espírito Santo, a Praça da Universidade e a Praça do Mercado do Trigo.
Ainda no dia 26/set, no caminho para Friburgo, depois de 170 km de estrada, em passeio opcional visitamos a cidade de Strasbourg, fundada em 12 A.C., hoje com 35 mil habitantes, situa-se às margens do Rio Reno, que divide a França da Alemanha, mas em território francês (proximidade esta que lhe atribui uma quase dupla nacionalidade). Stasbourg é principal cidade da convidativa região da Alsácia, tradicional pela produção de cerveja (desde 1268, e até hoje produz mais de 50% do que é consumido na França) e famosa pela produção de vinhos, 90% brancos, que se estendem por uma rota de 170 km, notadamente em direção à cidade de Colmar (trecho de 70 km). Esta cidade que é conhecida como a Pequena França, tanto pelos canais que cortam a cidade (todos afluentes do Rio Reno), como pelas características da arquitetura alemã predominante. Cidade produtora de bons vinhos, Strasbourg abriga vários órgãos administrativos da União Européia, entre eles o Conselho da Europa, o Parlamento Europeu, o Palácio dos Direitos Humanos, um Palácio da Música, um Parque de Exposições, um Jardim Botânico, um Centro de Descobrimentos Científicos e Técnicos, um belíssimo hospital (com uma excelente adega no subsolo) que servia de casa de repouso aos aristocratas que se diziam estressados, algumas Faculdades e Universidades e uma infinidade de museus.
Como pode se perceber, Estrasburgo é uma cidade multicultural. A Catedral (católica) da Virgem (Notre Dame). A sua construção teve início em 1166 e só foi concluída em 1439. Após algumas reformas, de 1625 até 1880 ela foi considerada o edifício mais alto do mundo, com 142 metros, sendo que hoje ela é a quarta igreja mais alta do mundo. Ela também ostenta uma das maiores rosáceas góticas do mundo. Muito interessante também são as Igrejas protestantes de St. Pierre-le-Jeune e a de St.Thomas e o antigo bairro da Pequena França, bem no coração da cidade.
Na sequência, ainda no dia 26/set, rodamos mais 30 km para chegarmos a Friburgo (em alemão, Freiburg, na região do Breisgau), fundada em 1122, que também faz parte do Estado de Baden-Württemberg e tem uma população de 220 mil habitantes. Hospedamo-nos no Hotel Mercure e em seguida saímos para uma cervejinha. Na manhã seguinte fizemos um rápido passeio panorâmico pela cidade percebemos que só o centrinho foi reconstituído, todo o restante da cidade é novo e não tem apelo turístico. Uma curiosidade: em 1335 aqui viveu Bertold Schwartz que tentando transformar quaisquer materiais em ouro, acabou descobrindo a pólvora com capacidade de destruição (a pólvora que os chineses haviam descoberto há séculos tinha apenas efeito pirotécnico).
No dia 27/set pela manhã, depois do breve tour por Friburgo, rodamos aproximadamente 100 km para chegar à Floresta Negra (em alemão Schwarzwald) que possui uma vegetação muito densa e escura, que não é propriamente contínua, mas sim entrecortada. Ao lado do Lago Titesse, resultante do derretimento das geleiras locais, está situado o principal povoado da floresta, Neustadt , cujos principais atrativos são as suas criações: os relógios Cuco, o bolo Floresta Negra, a aguardente de cereja (Kirch), vários outros destilados também à base de cereja e o presunto crú, feito com a carne do cerdo (porco) da região (simplesmente divino).
Depois de uma hora de parada na Floresta Negra, seguimos viagem. 50 km à frente visualizamos a nascente do Rio Danúbio e mais 60 km e chegamos ao distrito de Lindau, no Estado da Baviera, Alemanha, uma cidade com 80 mil habitantes. Nos dirigimos à Ilha das Flores, localizada às margens do Lago de Constança, junto à tríplice fronteira de quatro países: Alemanha, Áustria e Suíça, e também a Suécia, que apesar de não fazer divisa, possui uma ilha que é considerado território sueco. Esta situação geográfica favoreceu o desenvolvimento econômico local há mais de quatro séculos, com a construção de um porto com direito a Alfândega, torre de observação e controle, farol e tudo mais. Mais recentemente, há questão de uns dois séculos atrás, no acesso marítimo ao porto, foram construídos, de um lado, a estátua do “Leão sentado”, que é o símbolo da Baviera, esculpido em mármore, com 6 metros de altura, que simbolicamente controla a fronteira tripartida e, do outro lado, um novo farol que servia para orientação dos navegantes. Próximo à praça central está a Prefeitura, uma edificação antiga maravilhosamente pintada, a Igreja de São Pedro e a torre do antigo farol, de onde atualmente pende uma longa trança como se fosse a da princesa Rapunzel (que, conforme diz a lenda, havia sido presa em uma torre), em homenagem aos Irmãos Grimm, que na primeira metade do século XIX, se dedicaram a escrever fábulas infantis, entre elas: Rapunzel, Branca de Neve, Cinderela, o Flautista de Hamelin, Chapeuzinho Vermelho e A Bela Adormecida.
Foi também em Lindau que em 1908 o Conde Fernando Zepelin construiu o primeiro balão Zepelin do mundo.
Quanto à agricultura, a exuberante vegetação existente e o Lago de Constança contribuíram para a formação de um micro-clima que muito favorece o cultivo de uma enorme variedade de frutas, especialmente da uva. Em razão disso e das várias vinícolas existentes, o vinho é a bebida que mais se consome nesta região. Almoçamos no restaurante que fica na parte externa do Hotel Bayerischer Hof.
Ainda no dia 27/set, partimos para Bregenz, cidade com 27 mil habitantes, localizada na Áustria, 10 km à frente de Lindau, para hospedagem no hotel Mercure City Bregenz, que fica ao lado do principal Casino da cidade (homem sem paletó não entra).
Bregenz é uma pacata cidade que vive basicamente do lazer e é nela que anualmente acontece o Festival Mundial de Ópera. Os ambientes onde os eventos acontecem são ousadíssimos.
Na manhã do dia 28/set rumamos para Füssen, uma cidade do Estado alemão da Baviera, a 150 km de Bregenz, onde localiza-se o Castelo de Neuschwanstein, inspirado em um castelo francês, porém bem muito maior, e que serviu de inspiração para Walt Disney construir o Castelo de Cinderela, na Disneylandia.
Este castelo foi construído em local paradisíaco pelo Rei Ludwig II (em português Luís, em italiano Ludovico ou Luigi). Todos os quartos estão ricamente decorados com cenas que representam as lendas medievais alemãs. Este Rei foi que foi apelidado de Rei Louco, que não era propriamente um louco, era um visionário extremamente culto, admirador das artes e mecenas do compositor erudito Wagner, mas também era um megalômano que não tinha muita noção do que gastava. Ele afirmava que construía um monumento à cultura do cavalheiresco medieval, mas o endividamento comprometeu muitíssimo o seu reino. Aos 38 anos ele foi interditado e colocado aos cuidados de um psiquiatra maluco. Dois anos à frente ele se suicidou (?).
Próximo daí fomos conhecer o Castelo de Linderhof, inspirado no castelo de Versalhes, de Luís 14 e 15, porém bem menor, o único dos 4 castelos construídos pelo Rei Louco que chegou a ser concluído e habitado.
Na tarde do dia 28/set partimos para Oberammergau, situado a 45 km de Füssen. Esta localidade é conhecida principalmente pelas representações da paixão de Cristo que aqui são feitas a cada dez anos. A cidade também é conhecida pelos seus prédios pintados com motivos religiosos ou de contos de fada, influência artística da Itália cuja fronteira fica próxima e também pela Abadia de Etal, construída em 1338, que produz a cerveja preferida do Papa Bento XVI, cujo nome de batismo é Joseph Ratzinger, e que, segundo contam, era filiado ao Partido de Hitler, ao qual prestou relevantes serviços.
Após breve passada por Oberammergau, ainda no dia 28/set, rodamos mais 15 km para hospedagem no Hotel Mercure de Garmisch Paternkirchen, cidade com 26 mil habitantes, localizada nos Alpes alemães, é a principal cidade alemã para a prática de esportes de inverno e foi a sede dos jogos olímpicos de 1936, que contou inclusive com a presença de Hitler. Mais uma vez jantamos um joelhinho de porco, desta vez no restaurante típico Verdenfelsenhof.
Existem pelo menos três passeios opcionais alternativos. Escolhemos ir ao Zugspitze e na manhã seguinte, dia 29/set, lá fomos nós ao ponto mais alto de toda a Alemanha. Subimos até os 2600 metros de trem (que tem uma cremalheira entre as rodas), depois de cable car (um tipo de bondinho do Pão-de-Açucar) até os 2940 metros e por último de elevador até os 2963 metros de altitude. Este foi o passeio mais interessante de todo o pacote. Como estávamos no verão, deparamo-nos com uma temperatura de 8 graus (10 graus mais baixo que a temperatura de Garmisch). O lugar é lindíssimo, vê-se o mundo lá do alto e havia ainda muita neve no local. Fotografamos tudo, até um banquinho rés do chão que no nordeste brasileiro a gente chama de Ski-bunda.
Na tarde do dia 29/set seguimos para Munique, que é cortada pelo Rio Isar, é a cidade mais antiga da Alemanha. Rodamos aproximadamente 50 km para chegar ao Ângelo Designhotel Munich que fica ao lado da estação Leuchtenbergring, do Metrô.
Munique (München, em alemão) é a capital do Estado da Baviera, o Estado mais rico da Alemanha.
Munique foi praticamente toda reconstruída depois da 2ª grande guerra pelo governo de Franz Joseph Straus, que governou a Alemanha Ocidental de 1960 a 1994. Hoje com 1,3 milhão de habitantes e é 3ª maior cidade da Alemanha (a 1ª é Berlin e a 2ª é Hamburgo). Munique, que era a cidade em que 80% da população apoiava Hitler foi bem menos destruída durante a guerra do que Berlim onde só 60% apoiava.
Em Munique estão instaladas a sede da BMW (que na época da guerra produzia apenas motores de avião, hoje é dona da Rols-Royce, da Land Rover e do Mini. A BMW gastou 500 bilhões de Euros na construção de sua atual sede que inclui o seu Museu), Audi, Porsche, MAN, Siemens, Basf, Bosch (que é dona da Nokia). Em 1890 toda a rede de bondes já estava eletrificada. Embora iniciado na década de 1930, o Metrô teve a sua grande expansão nos anos que antecederam as olimpíadas de 1972 chegando a uma rede de 550 km. Em 1992 foi feita a transferência dos voos comerciais, do velho para o novo aeroporto, em um único dia.
Na manhã seguinte, dia 30/set, fizemos um rápido city tour e, na sequência, haveria um passeio opcional ao local onde existia o campo de concentração de Dachau e seria contada toda a história do 3º Reich. Preferimos não participar deste passeio para ter mais tempo para conhecer Munique que é também rica em monumentos históricos e excelentes museus, sendo que o mais famoso é o Museu Técnico Alemão, uma casa de superlativos, só para percorrê-lo em sua totalidade seria necessário caminhar 39 km. No dia seguinte fizemos um novo tour com o ônibus turístico de Munique, com áudio-guia em português .
O coração de Munique fica na Marienplatz (Praça da Virgem Maria), fundada em 1158, onde se situa a Nova Prefeitura (Neues Rathaus) decorada com estátuas dos reis da Baviera, que possui um elevador (pago) que dá acesso a um mirante de onde se avista praticamente toda Munique. Nesta torre se encontra o Glockenspiel, um famoso carrilhão que pontualmente às 11, 12 e 17 horas toca durante 8 minutos os seus 43 sinos e os bonecos de madeira se movem representando momentos importantes da história da Bavária. Nesta praça também se encontra a Coluna de Santa Maria. Relativamente próximos estão a Neuhauser, um agitado calçadão onde existe muito comércio e também as duas principais lojas de departamentos, a Galeria Kaufhof e a Hertie; a Frauenkirche (Catedral da Virgem), onde está a tumba do Rei Ludwig da Baviera; a Igreja de St. Peter, a mais antiga da cidade; o Viktualienmarkt, um mercado aberto que vende de tudo; o Spielzeugmuseum, um museu de brinquedos; a nova Sinagoga; o Residenz, antiga residência dos Reis da Baviera, com mais de 100 quartos; o Odeonsplatz, uma agradável avenida com vários comércios, cafés e bares, que fica junto ao Hofgartem; e o Englischer Garten, um parque maior do que o Central Park de Nova York.
Mais distante visitamos externamente o Palácio de Nymphenburg (que foi a residência de verão dos Reis da Baviera, onde nasceu o Rei Ludwig II, e que abrigou as competições hípicas nas olimpíadas de 1972), o Museu da BMW e o Parque Olímpico que possui uma cobertura em tecido não inflamável e repelente a sujeira (à base de teflon).
Uma boa pedida é visitar a sede das cervejarias de Munique, mas com a Oktoberfest em atividade, isto perdeu a importância.
A Oktoberfest fica próxima à estação Hackerbrücke, do Metrô, de onde sai uma verdadeira procissão em direção a ela. Esta festa teve início no ano de 1810 para comemorar o nascimento do herdeiro do Rei Maximiliano. Em 2010 este evento recebeu 6 milhões de visitantes que consumiram 6 milhões de litros de cerveja. Isso dá, em média, uma presença de 370 mil pessoas para cada um dos 16 dias do evento, o que corresponde a 9 lotações máximas do estádio do Pacaembú "por dia". É gente que não caba mais e eu não vi nenhum desentendimento nos dois dias que nós fomos ao evento. Ou você chega cedo ou nem consegue lugar nas mesas e quem não estiver sentado, não é servido. Até a alguns anos atrás, só as seis cervejarias com sede em Munique podiam participar, neste ano haviam 10 pavilhões instalados na Oktoberfest. O Prefeito de Munique é quem sempre inicia as festividades abrindo o 1º barril.
Domingo, dia 02/out, acabou a festa para mim. Está na hora de voltar à realidade.